Uma família acaba por se desestruturar quando o pai morre e mãe, seguidamente, acaba enferma e morre também.Pensando no futuro dos quatro filhos a mãe, antes de morrer, abre uma conta e deposita dinheiro para os dias difíceis que os mesmos precisaram enfrentar. Logo, os irmãos mais velhos e adolescentes acabam tendo que cuidar dos irmãos mais novos e assumem os papéis respectivos de pai e mãe e enterram a mãe morta no porão da casa e a cobrem com cimento, para tanto não tivessem que ser levados para orfanatos e abrigos.


O filme, à propósito, é dirigido pelo tio dela, Andrew Birkin, o que já confere às impressões acerca do filme, uma aura toda inusitada: Apesar de todos os controversos revezes, este é um trabalho de família!
A consumação do incesto entre os dois irmãos é mostrada de forma corajosa, um exemplo de engajo notável com a história que busca contar, embora nunca seja ofensivo nem exacerbado.



A trama coloca dois irmãos em relação incestuosa. Jack e Julie (Andrew Robertson e Charlotte Gainsbourg), após o repentino falecimento do patriarca da família de quatro filhos, confrontam uma dor ainda maior: a perda da mãe. Os dois, além de assumirem as vestes das responsabilidades de casa e dos irmãos menores, superam o luto entre carícias e um envolvimento sexual.

Sem delongas, Andrew Birkin investe na intimidade dos personagens. No prólogo, o roteiro se preocupa em estabelecer a instituição familiar, como a relação rígida do pai (Hanns Zischler) que não nutre afetividade por Jack, demonstrando frieza. Já a mãe (Sinéad Cusack), tenta criar um bom diálogo de harmonia com os filhos. Ironicamente, o roteiro não diz o nome de cada um, apenas são chamados de “pai” e mãe”. Para o foco da trama isso não importa, o olhar da provocação reside em seus filhos.









Enquanto compreendemos a aparência maliciosa de Julie, captamos em Charlotte Gainsbourg (que foi convidada por Andrew Birkin, seu tio, irmão de sua mãe Jane Birkin) uma aparência à la Lolita; o estereótipo da virginal que seduz o alheio. Uma adolescente que não mascara as intenções para o irmão, ainda que seu comportamento seja um tanto dúbio. A atmosfera de desejo e sexo é evidente desde o início, como enxergamos em Jack uma direção de libido, já que o rapaz prefere se masturbar diariamente, escondido no banheiro, se abstendo do auxílio doméstico.



Há uma cena de forte insinuação sexual: Jack entra no quarto de Julie — Gainsbourg se posiciona de maneira sensual para a câmera, exibe suas pernas, em uma sensualidade quase inocente ou pueril. É a ironia proposta por Birkin, para brincar de intimidades e fetiches entre quatro paredes. O take investe no envolvimento da atração dos irmãos, quando começam uma brincadeira secreta; entre cócegas e sorrisos, passam a explorar com as mãos o corpo um do outro, quando se entregam ao sexo febril. A partir desse senso, entende-se que O Jardim de Cimento invade uma sexualidade mais obscura.