Secretária é um filme de 2002, de Steven Shainberg. Nele, uma jovem (Lee Holloway) sai de um sanatório após uma crise nervosa e acaba arranjando emprego como secretária de um advogado (James Spader).
Uma das razões que a levaram ao sanatório é o hábito de se mutilar toda vez em que enfrenta situações de stress. Esse método auto-destrutivo, de provocar dor em si mesma, é a forma de lidar com a dor da alma.Ocorre que seu empregador é um sádico, que identifica isso nela e a submete, pouco a pouco, a situações de humilhação até finalmente espanca-la após um erro em uma carta. Ao apanhar ela descobre uma outra maneira de lidar com a dor, uma maneira que a deixa excitada e, ao mesmo tempo feliz.
No fundo, Secretária é uma comédia romântica com tema BDSM. Então, temos encontros e desencontros, separações e, claro, um final feliz. No entanto, mais do que qualquer outro filme, ele antecipa e demonstra de maneira muito mais efetiva e bela a questão do BDSM romântico. A situação em que o chefe a faz voltar a pé para casa, ao invés de ser levada pela mãe é exemplar: isso a ajuda a tornar-se independente. É também um dos melhores filmes sobre os efeitos terapêuticos das práticas BDSM.
Vale destaque a sequência com várias situações BDSM, como ela andando de quatro para entregar uma carta presa aos dentes, ao som da música “I´m your man”, de Leonard Cohen. Outro momento fundamental é quando ele cuida dela, após ela provar seu amor por ele e quando os dois se aceitam como são.
Enfim, um dos filmes mais bonitos sobre BDSM, que mostra que sim, as práticas podem ser saudáveis e bonitas para os envolvidos.
E, claro, 50 tons deve muito a esse filme. Não só por ele ter sido o pioneiro a mostrar uma versão romântica do BDSM, mas também por ter dado o nome à trilogia e ao protagonista. Afinal, o nome do advogado era GREY. (MestreSade)
"Quem é que vai dizer que o amor precisa ser suave e gentil?"
É com grande animação que venho falar desse clássico desconhecido de 2002! Esse ano nós tivemos o grande (des)prazer de presenciarmos o fenômeno de bilheteria e público que foi Cinquenta Tons de Cinza! Explorando o romance de uma simples garota tímida com um homem poderoso e cheio de gostos peculiares, o filme do Sr. Gray fez tudo de errado que era possível fazer. A história simplesmente não tinha motivo algum para acontecer...
É ai que entra a importância de se assistir A Secretária! É um filme feito a 13 anos atrás, mas que dá aula de como um filme do gênero deve ser feito. Explorando finalmente personagens tridimensionais, e com atuações fantásticas, esse filme acerta em todos os aspectos que seu "concorrente" errou... e ainda consegue ser sexy fazendo isso. 1h50m de entretenimento de melhor qualidade.
Vamos começar com uma breve sinopse:
Lee Holloway é uma garota que acabou de sair de uma clínica psiquiátrica, onde ficou internada por se automutilar. Agora, ela busca reconstruir sua vida procurando emprego como secretária do Sr. Grey, um advogado poderoso e com gostos peculiares que irá revolucionar a maneira como ela vive. Sr. Grey vê algo especial nela, algo que nem ela sabia que existia em si.
Sim, a premissa é parecida, mas não se engane: a diferença em questão de qualidade é imensa.
_Como não poderia ser diferente em um romance, a atuação é o que vende o filme. Maggie Gyllenhaal é até hoje julgada por sua carreira fraca em relação a de seu irmão, Jake Gyllenhaal. Mas se há um grande acerto em sua carreira é ter feito esse filme. Ela não chega perto daquele padrão de beleza que Hollywood tanto admira, mas essa é a melhor parte dela. É tão fantástico ver essa "descoberta" de si mesma acontecendo em tela que eu não consigo imaginar uma atriz melhor para o papel.
Sua atuação como Lee é simples, é feita em olhar pro lugar certo na hora certa, em sorrir por apenas um segundo numa cena. É fascinante ver ela fascinada, simplesmente. Há uma gama tão gigantesca de emoções que ela demonstra ao decorrer do filme, mas a simplicidade está lá o tempo todo. É o tipo de atuação que merecia Oscar, e eu nunca achei que poderia dizer isso da Maggie. Acho que todos que não gostam dela deviam ver esse filme. Mudarão de opinião muito rapidamente.
E então vem James Spader. A atuação dele é impecável nesse filme, por mais que ele tenha bem menos momentos para brilhar do que ela. Completamente bizarro, excêntrico, e faz o par perfeito com a Maggie. A química entre os dois é tão estranha que você no começo nem quer aceitar que existe, mas os dois vão se aproximando e você vai se acostumando com a ideia. Quando você percebe, tudo que você quer é que eles fiquem juntos.
Uma das coisas que mais me influencia em gostar ou não de uma história é o motivo dela acontecer. Eu estou em casa, do nada cai uma nave espacial no meu quintal, os aliens são bandidos e me mantem refém na minha casa até construírem de novo sua nave. Esse é um péssimo motivo pra uma história acontecer! Eu estou acostumado a ver mulheres deslumbrantes todos os dias, mas quando uma estudante tropeça na porta da minha sala quando vai me entrevistar, eu simplesmente crio uma paixão insana por ela. Esse é um motivo ainda pior pra uma história acontecer...
Em "A Secretária", nos temos uma mulher que, desde bem jovem, só consegue se sentir relaxada quando sente dor. É quando todos os problemas dela vão embora. Ela prefere ter outra pessoa no controle. E do outro lado, temos um homem que só sente prazer em causar dor. Um que gosta de controlar. Eles são o par perfeito. O filme não fica tentando romantizar isso. Em diversos momentos, nós vemos o quando essa relação não é exatamente saudável, mas é extremamente funcional. Um faz bem para o outro quando querem.
No começo, é apenas uma relação de chefe e empregada. Não é um romance que surge do nada. Ele é um chefe bem rígido, cheio de ordens e sem qualquer reconhecimento. Depois de trabalhar um pouco para ele, Lee ja começa a se mutilar novamente pela pressão. Mas uma parte dele se preocupa com ela, quer torná-la na melhor secretária que existe. Os dois tem uma conversa fantástica que muda o rumo do filme, e é então que a coisa começa a ficar melhor ainda. Ela aceita o papel dela na história, e ele aceita o dele.
Sem mais detalhes porque eu realmente não quero estragar o filme pra vocês!!
O desenvolvimento do filme é de muita inteligencia. O que geralmente se tem em filmes desse tipo é uma previsibilidade imensa, mas não nesse caso. Você tem que ficar ligado em cada cena para tentar saber como tudo isso vai terminar. Um bom roteiro, uma boa direção e um excelente trabalho dos atores é o que transforma esse filme no que é!
Nós vemos Lee Holloway, tão aberta a um relacionamento, e Edward Grey, tão assustado em realmente depender de alguém na vida. Esse não é um filme que vai pegar algo bizarro e te forçar a acreditar que é natural e romântico, mas sim um filme que retrata tão bem esse bizarro que você não vai precisar ser convencido de que tem um romance ali, ele simplesmente está. O filme mostra que você não precisa ser o dominador da relação para poder ter controle também sobre o que acontece. E isso é algo muito bom de assistir. Uma mulher sendo controlada por estar no controle. Uma escolha mútua do que querem para suas vidas.
Esse é um filme obrigatório!! Se você não assistiu ainda, corra e assista. Não há risco nenhum de se arrepender.
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